Leia e apaixone-se!

sábado, 11 de abril de 2015

UM DIA SEM


Trinta e um de março, terça-feira, importante registrar.  Acordei cheia de gás para o exerc ício do lar. Levantei, arrumei a cama, abracei um trouxa enorme de roupas e digiri-me à minha amiga very good, máquina de lavar. Com carinho de quem sabe o que precisa, ajeitei as bonitinhas na mesma.Sabão, amaciante, nivel alto, roupas brancas, lavar, etc... Tudo como pedem as instruções.
Segunda tarefa do dia: “sacríficio” do desjejum: suco verde e café  gostoso feitos pelo maridão...Em seguida, já que a casa estava  de pernas pro ar por conta de uma reforma, fui olhar os e-mails. Vamos que tenha alguém precisando de um retorno urgente...Rs.
­­_Sem internet!
_Sem internet?
_Mas como?
Fui saber com o pedreiro , podia ser  fio desconectado ao executar alguma tarefa ...Não, não era! Estava tudo certo.O wi-fi, facebook no celular funcionando. Seja de quem fosse a culpa,fiquei sem poder responder possíveis emergências. Rs
Uma vez desconectada com o mundo, fui estender as roupas.
Ao chegar à minha amiga de sempre,surpresa! A  água fugira das roupas e o sabão lá estava grudadinho  a elas. _ I don’t believe! Hum! Acho que coloquei roupa demais. Tirei parte delas, esfreguei  uma a uma para espalhar o sabão e descansei-as no balde. Fiz o mesmo com as demais e religuei a “amiga”.
Iniciou-se um ruído de chamar a vizinhança. _Nossa!Está feia mesmo. Preciso de um técnico.
Que droga!
_Bem, já que não tenho roupa lavada vou aquecer minha comidinha pois o estômago já
reclama.
Que facilidade! Cardápio “soborô ”... E só esquentar e dar a ele o caminho certo. Anote o cardápio: prejereba na manteiga com alcaparras,camarão ao molho rosê, legumes na manteiga e arroz branco. Uma delícia!Hummmmmmmmmmm! Diria Ana Maria. E você, não? Rs. Deu fome?
No capricho, direto ao micro-ondas,surpresa de novo! Não funcionou! _Ué? Que marmotagem  é essa?
Saio da casa e me dirijo ao pedreiro novamente; comento  demonstrando a estranheza; afinal as luzes estavam acesas...A  vizinha escuta e elucida o mistério. Meia fase de energia . Simples!Eletricidade com meia fase.Menos mal. Eu não precisaria chamar o técnico da Brastemp.Era só esperar .
­_E a comida,o jeito  é  usar o fogão, panelinhas , etc. Ah! O cheiro de uma boa comida já atiçava as glândulas...
O telefone toca.Era o maridão. Aproveitei o ensejo e falei das surpresas. Recomendou que eu enviasse um MSN pra CELESC.Enquanto explicava como fazer eu olhava a prejereba, o camarão  no prato , sentia o cheirinho...Ai, estava esfriando...Ninguém merece!
-Tá bom , tá bom, sei como fazer. Mas vou comer primeiro , tá?
Ai, como estava boa aquela prejereba feita pelo maridão no domingo!
Em seguida enviei o tal MSN pra Celesc que me retorna no automático informando “código sem validade”. - My God! De novo? Sem ?
Liguei pro 0800, que deu a resposta em seguida com resultado positivo. Agora sim estava com. Com energia ,com máquina, com micro, com geladeira...E tudo mais que precisasse da energia elétrica; menos o Note, é claro.
_ Ah...Tudo bem, é dia de professora de informática , ela chega e resolve minha internet.  
Esperei-a até as três , uma hora mais e nada. Confesso que me senti frustrada, pequena, impotente...Ahr!!!!
Depois, lembrei que aquela terça era sem professora.
Ah! Havia marcado com o técnico pra instalar o PC, ele vem e tudo se resolve, lembrei. Não veio. Esperei em vão, sem professora , sem técnico...
Chegou finalmente a noite. Com rede elétrica energizada , tudo tranquilo , pude fazer um lanche com meu maridão e contar a ele o dia pleno de ausências.
Ainda bem : Marido com.
Texto de Janice de Bittencourt Pavan
Em 11/04/15


terça-feira, 7 de abril de 2015

COSTURANDO



Costurando...

Acordei em 2015 com espírito de costureira.
Abri o baú de tecidos an-ti-gos....Alguns de vinte anos atrás, outros já completando bodas de coral.
Toda costureira que se preza tem um baú assim , cheio de surpresas em padrões e cores variadas.
Separei os tecidos de verão, lavei-os e pus a criatividade a funcionar. Cortes , recortes, alinhavos, provas ...E os modelitos iam tomando forma.
 As horas da tarde eram pequenas pra tanta disposição. E quando ela vem, precisamos aproveitar. Afinal fazia tempinho que não costurava pra mim.
`A tarde deixava um modelito em ponto de prova e à noite cortava outro .
A parte da manhã , é claro, reservava pras prendas domésticas. Afinal , o estômago morava ao lado.Ops! Ou cá dentro?
Depois da folga para o almoço, retornava à arte de costurar.
Lembrei de tantas vezes que, à  noite, mesmo muito jovem, ficava a fazer serão para adiantar um traje pra festa.Tempo dos anos dourados em que os bailes eram a maior e o melhor motivo para sairmos de casa, o mais inesquecível dos entretenimentos.
Aprendi a costurar aos dezoito anos , quase dezenove. Na época, com pressa, sem ter quem fizesse, estiquei o tecido sobre a mesa e sobre ele um casaco ( blazer), fui riscando, riscando aqui e ali...Cortei um novo. Um blazer, minha primeira peça. Doida. Uma lã super cara. Minha mãe viu , assustou-se e em seguida profetizou:  esta vai ser costureira, não tem medo de cortar pano.Acertou em cheio. Nunca mais minha mãe precisou fazer qualquer peça ou dar alguma explicação sobre costura ou acabamentos.
Hoje  estou , claro, com muita prática . São anos e anos na máquina , sempre que me dá vontade  faço alguma coisa.
Hoje , em 2015 (voltando ao meu espírito de costureira) , tirei muitos tecidos do baú, priorizei alguns , coloquei  minha aptidão à mostra que  me rendeu cinco vestidos ,uma camisola, duas bermudas, três lençóis com elásticos e quatro capas de travesseiros com zíper .
O baú que além de tecidos guardava também recordações (sim, pois cada tecido foi comprado em épocas especiais), foi ficando mais leve e a minha empolgação, mais evidente. Tanto que esqueci do meu corpo. Dei um mal jeito na região lombar e ...não foi fácil !
Depois de tantos  fazeres costurísticos, a artista gemeu. Gemeu de dor, chorou de aflição...
Seria rim? Ou a coluna? Dúvida cruel.
É ...”Abusei , tirei partido de mim, abusei”... Não tinha posição pra dormir. Nem em pé, nem sentada , eu conseguia descansar o corpo. A  lombar estava prejudicada. Travada...Com falta de ar..Quem dorme?
Bolsa de água quente...Relaxante  muscular... Muita água...UFA! Foi o que me ocorreu como primeiros socorros.
Para encurtar o texto, precisei do ortopedista: coluna mesmo. Um mal jeito bem jeitoso. Conclusão:dez sessões de fisioterapia , injeções e anti-inflamatório.
Apesar do sufoco, está  tudo bem agora .
Estou realizada por ter dado uma vida aos tecidos trabalhados.
Aos poucos as peças desfilarão em eventos novos , num corpito não tão jovem, felizes porque cumpriram sua missão finalmente. YES!
Texto de Janice de Bittencourt Pavan
Em 12/02/15.