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domingo, 17 de outubro de 2010

Ser professor hoje

Ser professor hoje é uma tarefa difícil.
Hoje o professor é um profissional que precisa ser eclético. Dele se exige um eterno aprendizado para as lides de um conviver complicado pela ruptura social, pela evidência da fragilidade familiar.
Hoje ser professor é enfrentar desafios, não porque o programa curricular é inadequado, maior, mais denso ou irreal. É difícil porque além de precisar de um conhecimento amplo do conteúdo  de sua disciplina, ele precisa ser analista, psicólogo e saber conviver com a bagagem problemática trazida “na mochila” de alguns alunos. E também precisa ser “the flash” para acompanhar a velocidade dos acontecimentos  de uma sociedade consumista, por motivos justos e injustos, conforme o legado de cada um, displicente com os verdadeiros valores indispensáveis a uma boa estrutura  familiar.
O professor hoje, principalmente dos adolescentes, é personagem importante ao aluno que deseja estudar, que sabe da necessidade do profissional, que o respeita como uma fonte emissora de ajuda e conhecimento. Mas, pelos motivos citados acima, os alunos desordeiros, mal amados, ou mal agradecidos com seus pais, trazem na bagagem a mesma energia negativa que seus desafortunados corações não conseguem expulsar do peito. Mas que precisam de ajuda. Daí a dificuldade. Estar numa sala de aula, para muitos que não são professores, é ser um mestre brincando de ser Deus.
Para quem foi ou é o profissional sabe que os tempos áureos da profissão, estavam entre os anos dourados ou até mil novecentos e noventa, aproximadamente, quando ainda não havia tantas mulheres trabalhando fora, ou tantos inescrupulosos sangrando os jovens e as famílias com a maldita erva daninha.
Não sou contra mães trabalharem fora; sou mãe e trabalhei por 25 anos.  
Os descaminhos estão por conta da ausência de um programa planejado e executado, elaborado e exercido, social, com moralidade, para que haja oportunidade de melhores condições nas escolas, assistências social e financeira, assistência psicológica  aos alunos e pais problemáticos para que a educação tenha o suporte adequado; que as salas de aula deixem de funcionar como depósito,  diminuindo o número de alunos por classe; preparar melhor os regentes de classe; bom salário aos professores para que tenham entusiasmo por sua rotina, não para sobrevivência,  mas para uma vivência real, digna, com  sustentabilidade financeira  das famílias, sem distinção, sem cota, sem descriminação.
 “Sonha, Marcelino”! Diria o leitor.
Com modelos de governo que já conhecemos, vamos ficar só no sonho.E é bom que possamos sonhar. E cobrar.
Enquanto a casa não cai, deixamos registrado nosso elogio àquele professor e àquele aluno que entra na sala de aula com a alma de quem sabe o quanto é importante ensinar e o quanto precisa aprender . Desejamos a ambos uma convivência de companheirismo, cumplicidade, respeito e vontade de exercer seus direitos e deveres com dignidade.

Texto de Janice de Bittencourt Pavan - Em 17 de outubro de 2010.
 





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