Praia do Santinho
Hoje, em 27 de janeiro de 2016, veio a vontade de escrever e inspiro-me
na Praia do Santinho, onde estou desfrutando do verão no seu primeiro mês. E é,
inegavelmente, um tema louvável pela importância que tem sua imagem, paisagem,
história e serventia.
A Praia do Santinho fica no norte da Ilha de SC, depois da Praia dos
Ingleses, sentido leste, trafegando-se pela Rodovia Estadual 406. Tem uma
extensão de 2200 metros e, apesar de suas águas serem muito movimentadas,
avisando perigo constantemente aos turistas, ela é a mais linda e a mais limpa
da ilha. E tão límpida que se sente no ar um cheiro de siri, veem-se os
peixinhos e, no fundo, a areia embolada pela agitação, num relevo em forma de
piscininhas, onde as crianças brincam relaxadas. “Esta é a minha praia”.
Pela manhã o sol nasce entre as nuvens cortando as imagens das pedras
nos morros que molduram os extremos da extensão. Mais à direita, no final da
mesma, encontra-se a Ponta das Aranhas, que por estar próxima às Ilhas das
Aranhas, recebeu essa nomeação geográfica. Essas Ilhas eram três muito próximas
e, por isso, mais tarde, foram consideradas apenas duas, chamadas Ilhas das
Aranhas por haver muitas aranhas na região. Ouve-se o ilhéu até hoje chamá-las
de “Dazaranhas”.
E por que Santinho e não Praia das Aranhas?
Existe uma lenda que na ponta dos rochedos aparecia um santo, santinho;
outros acreditavam ser coisas de bruxaria ou similar. A região é rica em
inscrições rupestres deixadas pelos homens do Sambaqui, importante registro
histórico para pesquisas e visitação, mas que na época eram vistas como coisas
do demônio ou das bruxas. O fato é que a praia está registrada como Praia das
Aranhas, mas como foi, por muito tempo, chamada de Santinho e, após 1990 ter a
construção de um empreendimento hoteleiro, denominado Costão do Santinho, o
topônimo pegou.
Praia dos deuses, dos ricos, dos pobres e dos pescadores. Fonte de renda
na Pesca e no Turismo.
Com alguns restaurantes, algumas pousadas, casas residenciais
disponíveis à locação, comércio ascendente, muitos moradores aposentados que vêm
da própria ilha, ou de fora, aqui fixam residência e pescadores nativos que
vivem da pesca artesanal, Santinho, aos poucos vai recebendo a infraestrutura
que sua beleza exige.
Hoje, a praia que era tranquila, passou a ser muito frequentada e
descoberta pelos turistas que costumavam veranear em praias vizinhas. Mas a
poluição do Rio Brás e outros meios poluentes, motivada pela falta de cuidado,
respeito e conscientização dos próprios usuários e mais o descaso das
autoridades competentes em tomar devidas providências, muitas praias das
quarenta reconhecidas, ficaram inadequadas para o banho e lazer. Que lástima!
Hoje chegando, seja pela manhã, tarde ou noitinha, a praia do Santinho parece
Copacabana. Lotada! – Ih! Descobriram nossa praia! - ouve-se de alguém.
E o que se espera?
Que volte à normalidade. Não para aliviar interesses de moradores no
ganho de areia, praia e mar... Mas sim que as praias lindas de Florianópolis
ganhem saúde, respeito, educação e prestação de serviço tanto dos usuários,
moradores, quanto das autoridades no cumprimento de suas atribuições.
Afinal há bônus e ônus em questão.
E aí, minha linda e bela Santinho, eu voltarei para usufruir deste
pedaço de mundo, maravilhoso, afrodisíaco, cheiroso e gostoso, com cheiro de
mar.
Texto de Janice de Bittencourt Pavan