De quem são estes pés
tão bonitinhos com unhas coloridas?
Quantas histórias contariam se pudessem falar!
Dos muitos caminhos percorridos,
dos momentos de um cotidiano sufocante...
Estendidos na noite ou apoiados com medo,
no escuro ou ao sol...
Na ânsia de segurar suas dores
transformadas em segredos...
Enfrentando nuances do tempo, da chuva, do vento...
Estes lindos pés, de quem eles são?
Se pudessem dizer da vida a aventura!...
Na quebrada do tanque, no chão da cozinha,
no pedal de uma máquina de costura,
nas andanças a vender Linholene e Avon...
Onde a vontade conduzia, eles estavam por lá...
São tão bonitinhos! Unhas faceiras na cor do carmim.
Hoje a andarem tão lentos pelo corredor,
já não têm o vigor de outrora - mocidade já ida -
já não correm pra lida, já não dançam ligeiros.
Hoje têm o apoio de um andador
São de Apolônia, 93 anos, segue assim,
Que admirada com a foto sorri para mim.
Poema à minha mãe!
Janice de Bittencourt Pavan
Em
04/08/14